FOI DETERMINADA A PRESENÇA NOS JOGOS ESTUDANTIS
Mensagem interna da direção da Escola Antônio da Cunha Azevedo gera indignação entre servidores
Uma comunicação interna enviada pela direção da Escola Municipal Antônio da Cunha Azevedo, em Cabo Frio, provocou forte reação entre funcionários da unidade. Segundo relatos, a direção afirmou que a presença de servidores nos Jogos Estudantis seria obrigatória, mencionando inclusive possibilidade de punição e desconto salarial para quem não comparecesse.
A denúncia foi feita por uma funcionária da escola, que pediu anonimato por temer represálias. Segundo ela, a ordem foi reforçada pessoalmente nesta quarta-feira (12), quando uma dirigente da unidade chamou os profissionais para uma conversa na sala da direção.
“A dirigente disse que a falta ao evento teria punição e que poderia descontar do nosso salário. Disse que era só um aviso e que, se acontecesse o pior, não poderíamos dizer que não fomos avisados”, relatou a servidora.
Ainda segundo o depoimento, a gestora afirmou que: “o Sepe não paga nossos salários e nem olha nossos pontos, quem cuida disso é a SEME”. A postura foi classificada pelos funcionários como “coercitiva, tóxica e completamente ilegal”.
A exigência de comparecimento a eventos externos, especialmente quando não configurados como atividade pedagógica prevista no calendário escolar, é alvo de críticas entre trabalhadores da Educação. Para servidores e representantes da categoria, a imposição viola direitos trabalhistas e fere princípios da administração pública, uma vez que o comparecimento não estaria relacionado diretamente às funções exercidas na unidade.
“Isso é absurdo, é criminoso”, desabafou a funcionária.
Entre os profissionais, a percepção é de que a medida representa um retrocesso institucional dentro da rede municipal de ensino. A crítica mais recorrente é o caráter político atribuído à convocação, já que o prefeito estaria presente no evento.
“Estamos vivendo um tempo de profundo retrocesso institucional em Cabo Frio. O rei manda e aos súditos só resta cumprir fiel e cegamente às ordens. No caso, uma ordem ilegal e imoral. Alunos e servidores sendo obrigados a comparecer a um evento porque lá estaria o chefe, o rei, o déspota, o ditador”, afirma outro servidor, em tom de indignação.
A denúncia reacende questionamentos sobre a postura de órgãos de fiscalização e controle. Profissionais cobram atuação mais firme de instituições como o Ministério Público, diante do que classificam como arroubos de autoritarismo dentro da estrutura municipal.
“Até quando as instituições vão aceitar caladas esses abusos? Até quando o Ministério Público vai fingir que não é com ele? Até quando?”, questiona a servidora.
Até o momento, não há informações oficiais sobre investigação do caso, nem pronunciamento da Secretaria Municipal de Educação.
